domingo, 4 de março de 2007

Vai e não peques mais X Vai e não voltes mais

Hoje mais uma vez me deparei com um dos desvios da igreja institucional, digo institucional, por que a IGREJA, que deveria ser apenas um organismo, a reunião daqueles que foram tocados pela Graça de Deus, se tornou um lugar de convergência de interesses próprios, onde os valores e os princípios de seu fundador, a saber JESUS CRISTO, foram a muito esquecidos e transformados em tópicos teológicos.

Mas, como dizia, fui surpreendido... Uma jovem me procurou numa tarde no gabinete, aflita e visivelmente desnorteada. Ela me apresentou a razão de toda aquela aflição: uma gravidez inesperada.

Ela e o seu namorado, membros da mesma igreja, começaram um namoro, deixaram-se levar pelas paixões da juventude e consumaram o ato sexual. Segundo ela mesma aconteceu umas quatro ou cinco vezes, e numa dessas vezes aconteceu o que temiam... A gravidez!

Desesperados, procuraram o seu pastor, cônscios de seus equívocos, mas com esperança de serem “absorvidos” pelo seu líder, buscaram apresentar toda a história, sem rodeios e sem esconder nada, confessaram e abriram os seus corações... Bem, o resultado que se seguiu foi um verdadeiro linchamento público, foram sumariamente expulsos de seus cargos, por que segundo o “pastor” não eram dignos de tais funções! Eles eram impuros! Ele é um exímio contra-baxista, e muito dedicado no serviço e ela uma das integrantes do departamento infantil daquela comunidade, foram afastados, sem direito a nada, nem uma explicação, sem que houvesse a oportunidade de se concertar, o que para o pastor era “inconsertável”.

O púlpito se tornou um lugar de mensagens encomendadas às pessoas cheias de moral e pudor, e tomadas pelo “zelo do Senhor”, os tratavam como se fossem leprosos, e tudo isso por que confessaram o seu pecado!

Hipocrisia!

Sim, tudo isso é uma grande hipocrisia, nos inquietamos profundamente com as barrigas que crescem, com as inconseqüências de nossos jovens e achamos que amar um casal que fez sexo antes do casamento é nos tornarmos complacentes e paternalistas!

Pensamos que temos o direito de legislar sobre a vida do outro, determinando quem pode e quem não pode exercer os cargos na comunidade, e isso tudo numa eleição absolutamente estética!

Achamos-nos puros demais, simplesmente por que os nossos pecados não fazem à barriga crescer! Aliás, convencionamos que os piores pecados, os pecados imperdoáveis são aqueles que maculam a imagem da “igreja”, nossos temores são aqueles que podem sujar a reputação de nossas denominações, de tal maneira que se suporta um orgulhoso, mas não se tolera um fumante recém chegado, que luta desesperadamente contra seu vício, elege-se presbíteros amantes do dinheiro, dominadores, contudo não se tem compaixão de uma mãe solteira!

Tolera-se uma fofoqueira, que está em todos os cultos de oração imagináveis, mas que promove dissensão entre os irmãos, simplesmente por que ela é esteticamente aceitável, contudo aquele jovem recém saído das drogas, vivendo ainda uma luta descomunal com seus dilemas, com uma aparência repugnante, não consegue pacificar a sua alma, posto que a “igreja” é um lugar para os “puros” e cheia de pessoas estaticamente toleráveis!

Acho que sofremos de uma amnésia que é resultante de nossa conveniência, e por que digo isto? Porque Jesus andou entre os inaceitáveis! Ele que é a plena manifestação da Graça chocou aqueles que se achavam a mais alta expressão de pureza, Jesus escandalizou os esteticamente corretos. Ele, Jesus, rompeu com os “sãos”, Ele, Jesus, fez aliança com meretrizes, publicanos e pescadores, amou os marginais, e repudiou os “puros” fariseus, posto que para Ele, a imagem de nada vale se o coração não for simples e pastoreável.

Para o Jesus-Graça, o invólucro é efêmero, e não expressa as essencialidades, os conteúdos para Ele são mais importantes, de tal modo que Nele não há variação, diante Dele toda a síndrome da “figueira-que-parece-ter-fruto” mas não tem, cai por terra.

Portanto, penso que esta “igreja-instituição-oficial-denominacional” se perdeu, sim, ela se perdeu! Se achando juíza, legisladora e detentora da Graça, se distanciou da visão; era para ser o corpo, mas insiste em ser cabeça!

Ora, a Graça não é de ninguém, na verdade a Graça se manifestou num menino-DEUS, ela andou entre nós cheia de Graça e de verdade, pisou este chão de dores e de deformações, tocou-nos, e foi a CRUZ a mais plena e concreta expressão do SER-GRAÇA-JESUS, nada é maior que Ele, nem uma gravidez fora do tempo, tudo se minimiza diante Dele, de tal modo que sem a Graça, esta “igreja” não tem graça nenhuma!

Pedro Albuquerque

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2 comentários:

Anônimo disse...

Keep your head up!

Anônimo disse...

Presado Irmão:
Concordo que nenhum Pastor pode e nem tem o direiro de excluir uma pessoa da igreja por ter cometido uma falha.
Portanto, se alguém que participa de alguma atividade na igreja pecar, cometendo algum ato ilícito, deve deixar temporariammente o cargo, podendo até ocupá-lo novamente após algum tempo, desde que esse irmão ou irmã, se reconcilie com Deus e com a Igreja, para que não sirva de estímulo aos demais a pecarem tambem, uma vez que isso não lhes traz nenhuma consequência ou prejuízo espiritual. ISSO NÃO PODE SER DEFENDIDO ASSIM!!!!