quinta-feira, 29 de março de 2007

Não faça nada!

Há alguns dias tive o imenso prazer de substituir Felipe para ensinar na sua aula de teologia sistemática num excelente seminário teológico daqui de Recife (AMESPE). Bíblia em mãos, apostila na outra (tal como os ingleses anglicanos que iam sempre com a Bíblia na mão, e o LOC na outra, rsrsrs); e ai, foi: Berkhof pra lá, Calvino pra cá, Kuyper, Bavinck, Baxter, e etc. Aquela seleção teológica de grandes “cristãos”. Imagine a “responsa” de ter que substituir ao meu amigo, pastor, e em minha opinião, um dos maiores teólogos dessas bandas das terras tupiniquins, apesar da sua pouca idade.

Estive dando as suas aulas, e ao mesmo tempo, estive observando os futuros pregadores, pastores, ou ministradores que se engajaram nesse curso. As aulas foram boas e me senti muito à vontade com os alunos. Vi que dali, bons frutos brotarão para a glória de Deus. As aulas foram “gostosas”, inclusive quando se levantou um caloroso debate na sala a respeito da santificação. Afinal, a santificação é por obras, ou pela fé? A salvação é obra de Deus, e a santificação é obra humana? Ou ambas são obras de Deus no homem?

Verdadeiramente, acredito que, para todos os seminários, o Evangelho deveria ser incluído como matéria isolada, do mesmo modo que existe a teologia sistemática, a teologia bíblica, a teologia do Novo Testamento, Grego, etc. Qual a razão dessa minha observação? A imensa dificuldade que todos os seres humanos possuem de ver o evangelho na simplicidade que ele é, e na imensa profundidade que o evangelho traz aos crentes e descrentes. Como gostamos de complicá-lo... impondo regras, leis, transmutando o evangelho em filhote da religiosidade judaica, e das religiosidades do mundo. É necessário entender que o cristianismo é diferente de todas as outras religiões do planeta.

O mundo, a sociedade secular, o homem de uma forma muito generalizada estão diretamente envolvidos na imensa teia de aranha da ‘cultura da barganha’ e do ‘troca-troca’. A sociedade prioriza aquele que consegue agir com beneficência. O mundo mede as pessoas pela conquista ou logros obtidos, e, o homem pondera o valor de alguém pelo que essa pessoa possa ter, ou oferecer. A nossa sociedade é assim. Legalista. Implacável. Sem graça. Dá a quem merece, salvo raríssimas exceções. Porém com Deus, com “o Deus de toda a graça” as coisas não funcionam dentro desse patamar. “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os meus caminhos os vossos caminhos, diz o Senhor...” (Is 55.8). Pois, todas as demais religiões do planeta, todos os “ismos” religiosos, apelam às obras para que o homem possa ser merecedor, auto-salvador, e alcance assim, por méritos próprios, os lauréis da salvação e uma melhor espiritualidade por intermédio da santificação – como se tratasse de uma conquista olímpica pessoal. Já o cristianismo diz exatamente o contrário. Não fazemos nada, não merecemos nada, não há leis que nos imponham condição à salvação, não há regras que possamos seguir para melhorar o nosso conceito (como se tivéssemos algum...) diante de Deus. Toda a nossa salvação e santificação são pela fé, pois descansa na obra e nos méritos exclusivos de Cristo.

Na verdade, nos santificamos pela fé através da obra do Espírito Santo em nós. Se a salvação é pela fé, e a santificação faz parte do processo inerente de salvação no crente, ela também é pela fé.

Finalizo com a imensa declaração de John Newton (aquele que compôs ‘Amazing Grace’): A humanidade nasceu num pacto de obras – "viverás em quanto não tocares na árvore". Porém, Quando se fala de confiança em Deus, mais que nada a Bíblia quer nos mostrar que agora devemos confiar, não nas nossas obras para obter a salvação, mas nas obras de Cristo para esse fim. Ou seja, não faça nada. Confie apenas no que já foi feito. Confie em Deus.

Pr. Waldemir Lopes

terça-feira, 27 de março de 2007

O Evangelho... direto de Connecticut 2

Hoje o Tim falou sobre as 9 marcas de uma igreja conduzida pelo Evangelho. De forma resumida, resolvi transcrever para aqueles que tem interesse. Se for muito pastoral para você vá à coluna no lado direito e procure um post diferente.

  1. Uma compreensão profunda da profundidade do Evangelho – A graça de Deus converte indivíduos e ao mesmo tempo restaura a criação caída.
  2. Uma visão positiva da cidade – Em Gênesis 2, ao criar o homem, Deus ordena para que Adão e Eva cultivem o jardim. Cultivar o jardim significa não deixar as coisas do jeito que naturalmente são. Deus intencionava que Adão e Eva formassem uma cidade, uma civilização, que emanasse beleza, justiça, amor etc. Daí o mandamento seguinte de popularem a terra. Infelizmente falharam. Por esta razão Jesus veio para fazer o que a Adão e Eva deveriam ter feito. Em Apocalipse vemos esta missão cumprida com o estabelecimento da “Nova Jerusalém”. A Igreja, todavia, é o inicio do estabelecimento deste empreendimento divino que será concluido com a 2ª vinda de Jesus.
  3. Uma visão equilibrada entre Cristo e Cultura – Existem duas visões extremas em relação a este assunto. De um lado temos a visão dos Quakers de que Cristo está contra a cultura e do outro lado temos A. Kuyper que diz que ele está sempre a favor da cultura. O Evangelho todavia mostra que as vezes Jesus se porta contra a cultura e as vezes a favor da cultura. A chave não é nem um extremo nem o outro mas de entender Cristo transformando a cultura de dentro para fora (1 Pe 2:11-12).
  4. Um visão que equilibra evangelismo, discipulado e ação social – Muitas igrejas se descatam em uma dessas áreas mas, poucas conseguem equilibrar bem todas.
  5. Interdependência entre esses quatro elementos – Por exemplo: se você tiver paixão por evangelismo você deve integrar ação social senão seu evangelismo cai por terra. Outro exemplo: se você tiver paixão por discipulado você deve fazer evangelismo senão não terá quem discipular.
  6. Uma Igreja voltada para fora - Tudo que é feito na igreja deve ser feito com a consideração de que descrentes estarão presentes e que descrentes são a missão principal da igreja.
  7. União assimétrica com outras expressões do cristianismo – Isso implica em possuir uma tradição, pois como G.K. Chesterston afirmou “tradição é uma forma de estar em comunhão com aqueles que já morreram”. Todavia, não é suficiente encontrar uma tradição mas, reconhecer suas imperfeições e procurar formas de envolvimento com outras correntes.
  8. Contextualização – É necessario adaptar tudo a realidade presente. Calvino costumava definir isso como “acomodação”. Se o próprio Deus contextualiza revelação à humanidade então a Igreja deve também possuir a mesma preocupação com a humanidade caída.
  9. Plantação de Igrejas – pois tudo deve ser replicado.
por Tim Keller

segunda-feira, 26 de março de 2007

O Evangelho... direto de Connecticut

Os resquicios de neve na grama são visíveis aqui na parte interiorana do estado de Connecticut (USA). Enquanto isso, estou participando de uma conferência de plantadores de igrejas patrocinada pela Redeemer Presbyterian Church localizada em Manhatan, NY. Redeemer foi plantada por Tim Keller no início da década de ´90 com um pequeno grupo de pessoas que acabou se tornando uma igreja forte na cidade. Hoje, com uma frequência de cerca 5 mil pessoas por domingo Redeemer não só tem buscado renovação para a cidade de NY mas também para o mundo como um todo.

A Comunidade Memorial, inclusive, tem sido uma das muitas igrejas que a Redeemer tem ajudado a começar. Aqui na conferência temos plantadores do mundo inteiro (Brazil, Mexico, Argentina, Inglaterra, Italia, França, Alemanha, Holanda, Africa do Sul, China, Bangladesh, Irlanda, Escocia e outros mais) que compartilham deste movimento de expanssão via novas comunidades. A coisa funciona como uma espécie de movimento impulsionado pelo Evangelho.

O que o Tim Keller afirmou à algumas horas atrás foi que: “DEVEMOS NOS APROFUNDAR NO EVANGELHO E LEVAR O EVANGELHO DE FORMA PROFUNDA PARA AS PESSOAS”. Creio que esta seja uma importante observação, visto que a maioria das igrejas encaram “O Evangelho” como algo apenas básico, partindo do ponto de vista que seres humanos precisam deste para se converterem. Em outras palavras: O indivíduo precisa do evangelho para ter o primeiro contato com Jesus sendo que depois, O Evangelho perde sua força pois não é mais necessário já que o cara agora é “crente” . A idéia por aí a fora é que apenas “descrentes” precisam do evangelho. O Evangelho é simples mas ao mesmo tempo é profundo. Sua mensagem é simples mas, não pode ser absorvida de forma simplista. Se um descrentes precisa do Evangelho, então também o crente precisa. Se alguém precisa entender pecado e graça para se chegar a Jesus, este mesmo precisa continuar sendo re-lembrado de pecado e graça para que possa amadurecer espiritualmente e se tornar participante do projeto de restauração de Deus.

Ser participante do projeto de restauração de Deus é compreender que a finalidade da Cruz não visou apenas a redenção de seres humanos mas de toda a criação caída. Por esta razão, Deus se preocupa com as cidades e seus problemas de injustiça como também se preocupa com o meio ambiente. A igreja de Cristo deve alinhar-se porém, a esta visão e funcionar como uma cidade dentro da cidade em busca de uma transformação centrífuga (de dentro para fora), para que a cidade dos homens em que ela está inserida passe a ser mais e mais parecida com a cidade de Deus (refiro-me não a favela do Rio, mas, A Nova Jerusalém).

Enfim, você acabou de experimentar um pouco do que passou pela minha cabeça ao escutar o Tim... Depois volto falando mais sobre as idéias que estão sendo fomentadas aqui...

por Felipe Assis

sexta-feira, 16 de março de 2007

Simplesmente Evangelho

Nesse último feriado de carnaval, fui convidado para ser preletor num retiro lá em Fortaleza, foram dias agradáveis entre muitos irmãos predominantemente jovens. Conheci muitas pessoas e também tive oportunidade de conversar com outras tantas. Lembro-me que em um dos dias, já na hora do almoço, numa longa fila, uma jovem muito simpática me abordou, começamos a conversar sobre a noite anterior, falamos dos momentos preciosos que tínhamos tido, mas, além disso, ela começou a compartilhar de algumas questões pessoais, de lutas e desafios em seu recém-casamento, de como estava sendo difícil manter um bom clima entre ela e seu esposo, até que ela me relatou que um dia ficou tão angustiada, seu coração, segundo ela, estava cheio de amargura por causa de uma briga que tinha tido, e foram essas as suas palavras: “Pastor, eu estava com muita raiva. No meu coração só havia ira, me angustiei de maneira profunda, tinha certeza que se Jesus voltasse naquela hora não iria para o céu!”

A princípio achei que ela estava ironizando a situação, do tipo que exagera para expressar um sentimento, mas logo percebi que era realmente o que pensava, em frações de segundos pensei se era prudente, ou mesmo educado, tentar naquela fila barulhenta cheia de “esfomeados” lhe falar de um Evangelho que possivelmente ela não conhecia. O Evangelho que é maior do que as suas angústias e brigas conjugais! Pasmem! Ela realmente acreditava que poderia perder a sua salvação!

Ali mesmo na fila, compartilhei com ela do Evangelho de Jesus que é conforme a Graça, ela me perguntou muitas coisas e vi muita sinceridade em suas palavras. Posteriormente, soube que na sua igreja o seu pastor pregava exatamente aquilo que ela me revelou. O mais grave é que há muitos que crêem assim, nesse "evangelhozinho"! Crêem numa mensagem incapaz de lhes garantir a segurança de sua salvação, os seus deuses não como “meninos bicudos” que se chateiam e por isso punem seus adoradores tirando-lhes o beneficio eterno! São deuses iracundos e ciumentos, necessitam do esforço de seus seguidores. Esse é um evangelho pagão por que seus princípios estão plantados num chão de barganhas!

Pensei em mim, na minha justiça, nas minhas obras, nos meus dias trevosos, nas horas em que minha tendência pecaminosa me domina, na luta descomunal que tenho para vencer eu mesmo. Lembrei o quanto sou egoísta, lembrei que na maioria das vezes eu sou o centro de tudo, sim este sou eu, “desventurado homem” conforme o apostolo Paulo!

Portanto, se o EVANGELHO fosse de fato conforme o "evangelhozinho" experimentado por aquela jovem, não haveria saída para mim, e para nenhum homem desta terra porque de acordo com os seus pressupostos teríamos que agradar a Deus com nossa performance, teríamos muitas barganhas a fazer, os nossos nomes seriam riscados do Livro da Vida muitas vezes. Neste evangelho Deus seria um "garotão com uma alto-estima baixa", querendo provar alguma coisa aos seus fiéis.

Todavia, o EVANGELHO não é assim, ele é simples, é pleno e completo! O Evangelho não me cobra demandas, posto que todas as demandas já foram postas no Cordeiro. Sim, o Evangelho é simples, por que ele fala de amor e de um amor incondicional, que me transforma num ser livre, cheio de leveza e brandura. Esse Evangelho pacifica o coração, faz cessar as guerras nos territórios interiores da alma, me faz depor as armas, isso por que não tenho mais que lutar, e mesmo que lutasse não teria forças para tal; contudo ELE lutou por mim, e a minha vitória foi a sua morte, e desta forma me vi de novo como gente, como filho, amado e querido, sem demandas, e sem performances, por que o Evangelho é assim simples!

Pedro Albulquerque

quinta-feira, 15 de março de 2007

A dura estrada da santificação?


Tenho refletido muito acerca do tema “Santificação” ultimamente. Domingo, inclusive, estarei abordando de certa forma o tema no sermão: O Evangelho e Luta Interior baseado no texto de Gálatas 5:16-26. A conclusão que tenho chegado é que a abordagem que a maioria das Igrejas dão ao tema, é contraditória a mensagem do Evangelho. O que normalmente se pensa, é que a salvação provem da graça, todavia, a santificação provém das obras. Seria como se Deus tirasse o indivíduo do buraco e colocasse-o na estrada da religiosidade e dissesse a ele assim: “olha fiz minha parte, te salvei, daqui pra frente depende de você. Faça por onde merecer tudo isso, se esforce!”. Daí ele aperta a mão do sujeito e diz “ – até mais! E... sim, Qualquer coisa estou lá em cima”. O sujeito então embarca na sua jornada. Logo adiante, ele se depara com as tentações da vida, os conflitos interiores se intensificam e ele acaba caindo pelo caminho. O que ele faz então é procurar um guia para que este lhe ajude com sábios conselhos e capacite-o para seguir adiante. Ele chega então para o pastor e lhe narra a sua queda. A primeira coisa que ele ouve é: “mas rapaz! Que vacilo! Por acaso você anda lendo a Bíblia? Ora quantas vezes ao dia? Dizima? Com um olhar de um cão que não entende nada ele diz num tom trêmulo: “acho que não suficientemente”! O pastor então diz: -olha aí... é isso! Você precisa buscar santidade. Leia mais a Bíblia, se esforce, dizime que logo você vai progredir e tudo vai melhorar. O sujeito continua e segue à risca as recomendações da receita pastoral só que inevitavelmente como acontece com todos os peregrinos, acaba caindo de novo à beira do caminho. Desta vez, temeroso de buscar o “guia” para não ouvir: “de novo rapaz?”, ele se afunda numa profunda crise de baixa auto-estima. Diz para si mesmo: “Eu sou um miserável, sei que Deus não me ama pois nunca consigo. O que preciso é mesmo me disciplinar”. Ele vai e transforma sua vida num "boot-camp" mais rígido do que o do Talibã que vai desde os códigos de vestimenta até o linguajar. Suando e chorando ele começa a colher os resultados da dura disciplina e se orgulhando de suas virtudes passa a contar vantagens aos outros peregrinos que chegam a ele, depois de terem levado um “baque” nas curvas da estrada. O interessante, é que antes, quando cedia as tentações dos pecados de lascívia, sentia-se miserável e agora se sente orgulhoso pelos acertos conquistados. Nas duas fases ele esteve conduzido por um sistema meritório, ausentando a necessidade de um Salvador. Na primeira, a imagem, o dinheiro, a aprovação dos outros, o sucesso, o sexo foram os seus ídolos, na segunda o seu próprio “eu”; por achar que sua performance o auto-justificaria. Essa bagunça é o que Paulo chama do “aperfeiçoar na carne”. O aperfeiçoamento na carne tira o gozo e confiança da vida cristã, desembocando no medo e depois, até na depressão, por que tudo passa a ser feito com uma imensa carga de responsabilidade. Chega uma hora que ninguém agüenta o fardo. É como se ter uma carreira profissional que demanda tudo de si recheada com altos níveis de pressão. Não deveria ser assim pois a santificação à luz do Evangelho é muito mais simples. É pela fé, do mesmo modo que é a justificação, a adoção e a glorificação (o estágio final – no céu). A transformação que o Evangelho traz ao individuo é no crê, não no fazer. Tudo já foi feito! O “crer” transforma porque ele deposita toda confiança na perfeição de Jesus e não no seu inconsistente “ser”. A sua caminhada não é baseada na ótica que este tem de si mesmo, mas na ótica que Deus tem a respeito da sua pessoa. Ele sabe dos seus defeitos e das suas virtudes, que na verdade, testificam da sua imperfeição. Todavia, Deus o enxerga perfeito, pois o vê a luz de seu filho, O PERFEITO. Cada vez que o individuo peregrino entende e traz essa mudança de perspectiva, CRENDO, ao seu coração, ele dá uma passada para frente. A mudança não é mais psicológica nem comportamental, é espiritual pois é de dentro para fora e não de fora para dentro. Isso então produz alegria, leveza e liberdade pois deixa de ser controlado por normas, regras, leis, homens... e consequentemente também produz progresso.
por Felipe Assis

terça-feira, 13 de março de 2007

PARABENS!!!!... para nós mesmos.

Não pude parar para escrever ontem mas, hoje escrevo, celebrando o fato de que, ontem completamos 1 mês de blog com pouco mais de 350 hits. Não conheço bem o universo dos blogs para saber se esse é um bom numero ou não. Conheço todavia o poder do Evangelho que um dia virou o meu mundo literalmente de cabeça para baixo, mesmo tendo sido criado dentro da Igreja, com Pai pastor e com o titulo de pastor por alguns anos. Isso aconteceu comigo porque houveram alguns veículos usados por Deus para que se chegasse ao meu entendimento o significado de ser pior do que se imagina, mas, ao mesmo tempo reconhecer que a graça de Deus é muito maior do que se pode imaginar. Eu agradeço a Deus por Jack Miller, pelo ministério do Sonship Seminars (Aba Pai) da World Harvest por que me ajudaram a refletir as implicações praticas de doutrinas que na maioria das vezes ficam apenas presas a livros e ao intelecto e jamais descem ao coração. O Evangelho desabrochou em mim o que significa de fato: ser filho e não escravo, ser justo não pela minha performance mas, pela justiça de Cristo, ser aprovado incondicionalmente e não viciado por aprovação condicionada, ser discípulo e não mestre, ser de Jesus sem ser religioso, ser transparente sem ser emocionalmente desequilibrado, ser amoroso sem ter que negociar a verdade, ser verdadeiro sem deixar de ser amoroso, viver em busca do prazer genuíno ao invés de me satisfazer nos prazeres banais. O Evangelho me ensinou a ser peregrino...

Da mesma forma agradeço a Deus por este espaço pois sei que do mesmo modo que um dia a ficha caiu em mim por veículos usados por Deus, pode ser que um dia ela venha cair em quem carinhosamente dedica um pouquinho do seu tempo para ler as “viagens” que passam nas cabeças e nos corações dos “loucos” que as vezes escrevem aqui.

por Felipe Assis

sexta-feira, 9 de março de 2007

Porque Sou Feliz?

Sou feliz porque ao abrir os olhos não vi o céu acima de mim, mas concreto e cal. Sou feliz porque aos sábados e domingo acordo com um cheirinho de shampoo Seda (seus cabelos são muito rebeldes? Cachos hidratados com volume sob controle) no travesseiro ao lado ainda ocupado. Sou feliz porque, ainda nesses dias, há água morna no chuveiro sem ter que liga-lo à tomada. Sou feliz porque o sol de ontem a tarde evaporou o enxágüe de ontem de manhã da minha toalha. Sou feliz porque o Nescau já vem adoçado. Sou feliz porque a anti-aderência da frigideira não deixa meu sanduíche colar. Sou feliz porque não preciso colocar papel de plástico colorido na tela do meu televisor. Sou feliz porque tenho uma dúzia de livros pra ler, duas meias dúzias de artigos pra escrever sem pensar e uma dúzia de dúzia de pessoas para interceder hoje. Sou feliz porque a motocicleta não tem tendência ao álcool como os automóveis de quatro rodas – eles têm onde se sustentar. Sou feliz porque ainda que saindo de um lugar ainda posso voltar pra lá. Sou feliz porque os grandes e “hipers” supermercados megas não fecham, não cochilam, apesar de não vigiarem. Sou feliz porque existe comida suficiente para todos – nos estoques! Sou feliz porque ligo e ela atende sempre. Sou feliz porque minha língua é capaz de sentir o gosto da maionese do Laçaburguer. Sou feliz porque existe Macintosh. Sou feliz porque largamos juntos. Sou feliz porque aprendi ainda mais a suportar os que (acham que) já chegaram lá, já entendem – pobres! Sou feliz porque o povo se mostra insatisfeito com a segurança investida na visita daquele homem que desce do alto de azul, vermelho e branco – é por isso que falta segurança aqui em baixo! Sou feliz porque meus óculos já corrigiram meus embaraços um dia. Sou feliz porque ela chega todos os dias, sorri como se não existissem dívidas. Sou feliz porque posso dever. Sou feliz porque, ao não ter cd player, posso usar a outra função dvd. Sou feliz porque a galinha não reclamou antes de ser devorada por meus amalgamados dentes. Sou feliz porque amanhã tem odor de novo, tem travesseiro novamente, embora, pela quantidade de chuva que cai, parece-me que a água vai gelar tudo que não pôde no verão passado.

Sou feliz porque apesar dos “apesares” e pesares, penar ou “penares” peno mais feliz porque a felicidade que vem da justiça pesa levemente sobre mim “despesando”, desprezando e prezando pelo desprezo que devo ter meu apreço ao preço que apreciava.

Sou feliz porque não há porque não ser. Sou feliz porque esse viver que vivo é Cristo vivendo em mim! Sou feliz porque todos os dias que se envelhecem logo ao aparecer a lua o evangelho é nova boa nova boa novamente.

Pr. Daniel Luiz

domingo, 4 de março de 2007

Vai e não peques mais X Vai e não voltes mais

Hoje mais uma vez me deparei com um dos desvios da igreja institucional, digo institucional, por que a IGREJA, que deveria ser apenas um organismo, a reunião daqueles que foram tocados pela Graça de Deus, se tornou um lugar de convergência de interesses próprios, onde os valores e os princípios de seu fundador, a saber JESUS CRISTO, foram a muito esquecidos e transformados em tópicos teológicos.

Mas, como dizia, fui surpreendido... Uma jovem me procurou numa tarde no gabinete, aflita e visivelmente desnorteada. Ela me apresentou a razão de toda aquela aflição: uma gravidez inesperada.

Ela e o seu namorado, membros da mesma igreja, começaram um namoro, deixaram-se levar pelas paixões da juventude e consumaram o ato sexual. Segundo ela mesma aconteceu umas quatro ou cinco vezes, e numa dessas vezes aconteceu o que temiam... A gravidez!

Desesperados, procuraram o seu pastor, cônscios de seus equívocos, mas com esperança de serem “absorvidos” pelo seu líder, buscaram apresentar toda a história, sem rodeios e sem esconder nada, confessaram e abriram os seus corações... Bem, o resultado que se seguiu foi um verdadeiro linchamento público, foram sumariamente expulsos de seus cargos, por que segundo o “pastor” não eram dignos de tais funções! Eles eram impuros! Ele é um exímio contra-baxista, e muito dedicado no serviço e ela uma das integrantes do departamento infantil daquela comunidade, foram afastados, sem direito a nada, nem uma explicação, sem que houvesse a oportunidade de se concertar, o que para o pastor era “inconsertável”.

O púlpito se tornou um lugar de mensagens encomendadas às pessoas cheias de moral e pudor, e tomadas pelo “zelo do Senhor”, os tratavam como se fossem leprosos, e tudo isso por que confessaram o seu pecado!

Hipocrisia!

Sim, tudo isso é uma grande hipocrisia, nos inquietamos profundamente com as barrigas que crescem, com as inconseqüências de nossos jovens e achamos que amar um casal que fez sexo antes do casamento é nos tornarmos complacentes e paternalistas!

Pensamos que temos o direito de legislar sobre a vida do outro, determinando quem pode e quem não pode exercer os cargos na comunidade, e isso tudo numa eleição absolutamente estética!

Achamos-nos puros demais, simplesmente por que os nossos pecados não fazem à barriga crescer! Aliás, convencionamos que os piores pecados, os pecados imperdoáveis são aqueles que maculam a imagem da “igreja”, nossos temores são aqueles que podem sujar a reputação de nossas denominações, de tal maneira que se suporta um orgulhoso, mas não se tolera um fumante recém chegado, que luta desesperadamente contra seu vício, elege-se presbíteros amantes do dinheiro, dominadores, contudo não se tem compaixão de uma mãe solteira!

Tolera-se uma fofoqueira, que está em todos os cultos de oração imagináveis, mas que promove dissensão entre os irmãos, simplesmente por que ela é esteticamente aceitável, contudo aquele jovem recém saído das drogas, vivendo ainda uma luta descomunal com seus dilemas, com uma aparência repugnante, não consegue pacificar a sua alma, posto que a “igreja” é um lugar para os “puros” e cheia de pessoas estaticamente toleráveis!

Acho que sofremos de uma amnésia que é resultante de nossa conveniência, e por que digo isto? Porque Jesus andou entre os inaceitáveis! Ele que é a plena manifestação da Graça chocou aqueles que se achavam a mais alta expressão de pureza, Jesus escandalizou os esteticamente corretos. Ele, Jesus, rompeu com os “sãos”, Ele, Jesus, fez aliança com meretrizes, publicanos e pescadores, amou os marginais, e repudiou os “puros” fariseus, posto que para Ele, a imagem de nada vale se o coração não for simples e pastoreável.

Para o Jesus-Graça, o invólucro é efêmero, e não expressa as essencialidades, os conteúdos para Ele são mais importantes, de tal modo que Nele não há variação, diante Dele toda a síndrome da “figueira-que-parece-ter-fruto” mas não tem, cai por terra.

Portanto, penso que esta “igreja-instituição-oficial-denominacional” se perdeu, sim, ela se perdeu! Se achando juíza, legisladora e detentora da Graça, se distanciou da visão; era para ser o corpo, mas insiste em ser cabeça!

Ora, a Graça não é de ninguém, na verdade a Graça se manifestou num menino-DEUS, ela andou entre nós cheia de Graça e de verdade, pisou este chão de dores e de deformações, tocou-nos, e foi a CRUZ a mais plena e concreta expressão do SER-GRAÇA-JESUS, nada é maior que Ele, nem uma gravidez fora do tempo, tudo se minimiza diante Dele, de tal modo que sem a Graça, esta “igreja” não tem graça nenhuma!

Pedro Albuquerque

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sábado, 3 de março de 2007

Violência Urbana e Evangelho Integral

Faltava menos de um Km para chegar no meu escritório quando ouvi a notícia da parte da emissora FM em que estava acidentalmente sintonizado o som do meu carro: “…a Associação dos Estados Ibero-Americanos publicou hoje o mapa da violência nos estados e nas capitais brasileiras entre os anos de 1994 – 2004...blá, blá, blá .... Recife ficou pela segunda vez em primeiro lugar, seguida por Vitória registrando 56 homicídios por cada grupo de 100.000 habitantes... Pernambuco ficou topo das pesquisas sendo apontado como o estado mais violento de país”. Estacionei o carro com um olhar meio catatônico e subi ao escritório. Ao sentar em minha mesa abri meu navegador de internet e tanto na Folha de São Paulo como no Jornal do Comércio a mesma notícia se encontrava presente na lista de notícias do dia. Em virtude das outras atividades que estavam postas em minha agenda pela minha secretária, guardei essa preocupação numa das gavetas da minha mente com a intenção de puxa-la mais tarde e refletir sobre a matéria. Ligação vai, gabinete pastoral vem até que o telefone em cima de minha mesa toca novamente. A Suely estava transferindo uma ligação de minha mãe. Do outro lado da linha ouvi minha mãe: “-Graças a Deus por tudo né Felipinho?” disse “-claro mãe – o que foi desta vez?”, ela me disse: “- o seu pai estava chegando hoje em casa no horário do almoço e quando acionou o portão eletrônico, foi abordado por três homens armados que saíram de um Eco Sport estacionado junto ao portão de casa”. Perguntei “- ta tudo bem com ele?” Ela disse: “-Tá. Está tudo bem. “Além do carro, só levaram a carteira e o celular”. Despedimos e desligamos. Fui forçado a retirar prematuramente a matéria que havia ouvido na rádio e que estava guardada em um dos compartimentos da mente. Ri para mim mesmo pensando: “essa já é a quinta vez que roubam a caminhonete do meu Pai a mão armada”. Em um incidente ele saía de casa quando foi abordado da mesma forma. Em outro, quando estava parado no acostamento da BR comprando plantas, dois ladrões num pálio o abordaram armados pedindo as chaves da pick-up e o meu pai num ato de loucura e comédia jogou as chaves no mato e mandou os ladrões irem catar”. Deus o livrou como o livrou desta última vez e graças a Ele por isso, mas, a minha intriga pessoal não vem apenas do fato de que nós, cidadãos nas capitais brasileiras vivemos reféns do medo da violência. Minha intriga pessoal é: não deveríamos estar assim entregue as baratas! Na minha lógica existe uma aparente contradição. Esta contradição vem do fato de que ao passo que a violência assola sem misericórdia as nossas cidades, o segmento evangélico explode dentro da nossa sociedade. Os evangélicos já somam mais de 25% da sociedade brasileira, número que a 10 anos atrás era menos do que a metade. Isso significa que hoje cerca de 40 milhões de brasileiros se autodenominam “crentes”. Nunca se viu tantas Igrejas sendo abertas com uma diversidade de doutrinas sendo pregadas a cada esquina a la restaurante self-service. Ouvi de um pastor amigo meu que só as Assembléias de Deus somam mais de 800 congregações na cidade do Recife. Não falo com base estatística aqui mas, o meu chute é que a minha denominação que representa um número perto de insignificante ante aos “evangélicos” no país, só na grande Recife possuí mais de 60 congregações. Somemos tudo e teremos um número absurdo de igrejas “evangélicas” na nossa cidade. Aí eu pergunto: Posto que a proposta do Evangelho é de trazer renovação cultural, social e espiritual porque que ao passo que sua proclamação cresce, cresce também a violência e a injustiça social nos nossos centros urbanos? A lógica seria que se tivéssemos mais pessoas transformadas pelo Evangelho, teríamos uma crescente influencia em todos os segmentos da sociedade (política, esportes, artes, mídia, educação etc) que paulatinamente transformaríamos com naturalidade a vida integral da sociedade. A única conclusão que posso chegar é que o Evangelho está sendo pregado de forma adulterada, modificada ou incompleta. O que vemos é uma preocupação exacerbada nos púlpitos de mudarem as pessoas de uma classe social para outra numa tentativa de usufruírem as bênçãos do mundo e não as do Novo Céus- Nova Terra. Além disso, a preocupação é de se salvar indivíduos da perdição e deixarem a terra, o mundo, a sociedade irem para o "quinto dos infernos". Essa má teologia prega que a intenção de Deus é de tirar os “salvos” do mundo antes que chegue o dia em que Ele, o todo-poderoso, detone tudo como detonou Sodoma e Gomorra sendo que desta vez com uma ogiva nuclear. Todavia, enquanto esse dia não chega, usufruamos dos prazeres que este “mundo” pode nos proporcionar. É muita ironia!!

A Bíblia nos ensina que o Evangelho não é nada disso. É justamente o contrário. A preocupação do Evangelho é de trazer os Céus a Terra. Para isso oramos “...seja feita tua vontade aqui na Terra como nos Céus”. O Evangelho não é apenas as boas novas da salvação de indivíduos, é as boas novas da restauração de todas as coisas. Em Apocalipse 4 temos as seguintes palavras de Jesus: “Eis que faço novas todas as coisas!” e em Colossenses 1:20 temos: “havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus”. Destaque especial para TODAS AS COISAS. Isso quer dizer que Deus não está apenas preocupado em redimir indivíduos. É muito egoísmo nosso acharmos assim. De fato, a restauração de indivíduos é o ápice da sua obra de redenção porque Deus através de uma humanidade que esta sendo restaurada usa esses indivíduos para restaurar com ele toda a criação caída. Se pessoas estão se “convertendo” e tudo ao nosso redor continua fedendo, alguma coisa está errada. Não se pode admitir que façamos cultos e eventos “evangelísticos” enquanto cerca de 800 homicídios acontecem por ano na nossa cidade. Quero lembrar que o crescimento da Igreja primitiva deu-se ao fato de que o Evangelho havia sido incorporado de forma integral na vida dos “irmãos do caminho” numa mudança radical de valores de vida. Eles sim, amaram o mundo vil a sua volta e como José do Egito, viveram para o seu bem estar e por isso impactaram tremendamente a sociedade. Enquanto os pagãos eram exclusivistas com suas finanças e liberais com suas camas, os cristãos eram liberais com suas finanças e exclusivistas com suas camas. Enquanto os pagãos se aglomeravam nas grandes cidades para sugar-lhe os recursos, os cristãos estavam lá em busca do SHALOM integral da cidade. Por isso... “cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos”.

Este texto é um manifesto não apenas contra a violência, a injustiça social e a depredação do meio ambiente mas, à mensagem incompleta do Evangelho na nossa sociedade, que não muda, não transforma e não se preocupa com nada! Não é sal que fertiliza a terra, nem é luz que ilumina o mundo!

Já dizia Lutero: “não há como modificar a mensagem do Evangelho sem perdê-lo por completo”!

por Felipe Assis

quinta-feira, 1 de março de 2007

Muito mais que um Símbolo

Há uma enorme mística que envolve a Cruz!
Possivelmente a cruz seja um dos símbolos mais fortes que a humanidade conheceu e conhece, e não apenas para os cristãos, mas para todos que a despeito de seu credo encontram nela uma profunda identificação.

Na grande maioria dos ritos religiosos (cristãos e até pagãos) a cruz está presente, talvez por que ela carregue num sentido mais amplo, e, portanto, subjetivo o desejo do encontro que os homens têm com a divindade.

E este é um aspecto interessante, posto ser esse um dos maiores anseios que possuímos o de sermos satisfeitos por algo ou alguém maiores que nós, e que seja maior que as subjetividades e futilidades de nossa existência.

O tempo, e a maturidade que dele decorre, nos mostram que as coisas mais importantes da vida não se encontram na efemeridade humana, e é por isso que sem saber nós homens tateamos, na esperança de encontrarmos algo maior que nossas expectativas superficiais!

A CRUZ é maior! Todavia, a grande questão, não é o que a cruz representa, mas o que a cruz É! O seu significado está para além da sua representação simbólica, isso porque ela sintetiza todo amor que o Deus-amor tem por nós, é nela que encontramos a razão de ser e existir, fora dela não há motivo, que não seja o único motivo de viver por ela!

Ela encerra toda tentativa humana de auto-resgate, ela também deixa claro que não há nada mais a fazer... A cruz pagou toda a minha divida, mais do que isso é nela que a justiça do Pai é satisfeita, e na solidão do madeiro o filho esteve só por causa de mim, e dos meus pecados... “Por que desamparastes...” esse fora um dos gemidos que se ouviu naquele dia-noite, onde até a natureza adoeceu por causa do castigo que promulgaria a Paz dos filhos-irmãos do Jesus-sacrificio, sim, a sua dor aliviou minhas angustias, sua aflição curou minha alma, e a sua morte me deu a vida!

Isso é o Evangelho, isso é Boa Nova, um justo se dando por um injusto como eu...
De sorte, que para mim para além de qualquer marketing que o símbolo da cruz possa trazer, a Cruz do Calvário se experimenta não se conceitua posto ser ela a concreta expressão de amor!

Obrigado meu Justo Salvador, Tu és a Vida... Tu és a minha Vida!

Por Pedro Albuquerque