sexta-feira, 16 de março de 2007

Simplesmente Evangelho

Nesse último feriado de carnaval, fui convidado para ser preletor num retiro lá em Fortaleza, foram dias agradáveis entre muitos irmãos predominantemente jovens. Conheci muitas pessoas e também tive oportunidade de conversar com outras tantas. Lembro-me que em um dos dias, já na hora do almoço, numa longa fila, uma jovem muito simpática me abordou, começamos a conversar sobre a noite anterior, falamos dos momentos preciosos que tínhamos tido, mas, além disso, ela começou a compartilhar de algumas questões pessoais, de lutas e desafios em seu recém-casamento, de como estava sendo difícil manter um bom clima entre ela e seu esposo, até que ela me relatou que um dia ficou tão angustiada, seu coração, segundo ela, estava cheio de amargura por causa de uma briga que tinha tido, e foram essas as suas palavras: “Pastor, eu estava com muita raiva. No meu coração só havia ira, me angustiei de maneira profunda, tinha certeza que se Jesus voltasse naquela hora não iria para o céu!”

A princípio achei que ela estava ironizando a situação, do tipo que exagera para expressar um sentimento, mas logo percebi que era realmente o que pensava, em frações de segundos pensei se era prudente, ou mesmo educado, tentar naquela fila barulhenta cheia de “esfomeados” lhe falar de um Evangelho que possivelmente ela não conhecia. O Evangelho que é maior do que as suas angústias e brigas conjugais! Pasmem! Ela realmente acreditava que poderia perder a sua salvação!

Ali mesmo na fila, compartilhei com ela do Evangelho de Jesus que é conforme a Graça, ela me perguntou muitas coisas e vi muita sinceridade em suas palavras. Posteriormente, soube que na sua igreja o seu pastor pregava exatamente aquilo que ela me revelou. O mais grave é que há muitos que crêem assim, nesse "evangelhozinho"! Crêem numa mensagem incapaz de lhes garantir a segurança de sua salvação, os seus deuses não como “meninos bicudos” que se chateiam e por isso punem seus adoradores tirando-lhes o beneficio eterno! São deuses iracundos e ciumentos, necessitam do esforço de seus seguidores. Esse é um evangelho pagão por que seus princípios estão plantados num chão de barganhas!

Pensei em mim, na minha justiça, nas minhas obras, nos meus dias trevosos, nas horas em que minha tendência pecaminosa me domina, na luta descomunal que tenho para vencer eu mesmo. Lembrei o quanto sou egoísta, lembrei que na maioria das vezes eu sou o centro de tudo, sim este sou eu, “desventurado homem” conforme o apostolo Paulo!

Portanto, se o EVANGELHO fosse de fato conforme o "evangelhozinho" experimentado por aquela jovem, não haveria saída para mim, e para nenhum homem desta terra porque de acordo com os seus pressupostos teríamos que agradar a Deus com nossa performance, teríamos muitas barganhas a fazer, os nossos nomes seriam riscados do Livro da Vida muitas vezes. Neste evangelho Deus seria um "garotão com uma alto-estima baixa", querendo provar alguma coisa aos seus fiéis.

Todavia, o EVANGELHO não é assim, ele é simples, é pleno e completo! O Evangelho não me cobra demandas, posto que todas as demandas já foram postas no Cordeiro. Sim, o Evangelho é simples, por que ele fala de amor e de um amor incondicional, que me transforma num ser livre, cheio de leveza e brandura. Esse Evangelho pacifica o coração, faz cessar as guerras nos territórios interiores da alma, me faz depor as armas, isso por que não tenho mais que lutar, e mesmo que lutasse não teria forças para tal; contudo ELE lutou por mim, e a minha vitória foi a sua morte, e desta forma me vi de novo como gente, como filho, amado e querido, sem demandas, e sem performances, por que o Evangelho é assim simples!

Pedro Albulquerque

Um comentário:

Anônimo disse...

Tou esperando uma nova postagem... =]

Um abraço,
Leo