quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Reflexão acerca da paternidade


Já fazem quatro dias que minhas filhas se encontram doentes. De acordo com a pediatra isso nada mais é do que uma virose ocasionada pelo fato de que minha primogénita há 3 semanas começou a freqüentar a escola. À duas noites atrás o relógio marcava 3:14 quando acordei com a camisa ensopada na região do peitoral com o cheiro forte de vomito. Sem revolta e sem reclamação como não era o meu costume quando acordava com o rosto coberto de pasta de dentes dos trotes que passei em acampamentos na adolescência, levantei e me lavei. Sinceramente, não pensei no sono gostoso que havia sido interrompido nem no cheiro desagradável da bile estomacal. Pensei na minha filha que quando apalpei quase que queimei a mão da temperatura que radiava do seu corpinho. Instintivamente e imediatamente fui na cozinha, enchi a seringa de Tylenol infantil e descarreguei-a na sua boca. Esperei até que a temperatura dela baixasse para que depois pudesse retornar ao sono. Depois que o termómetro posicionado em uma de suas axilas marcou 37,5º, voltei aliviado para o travesseiro com a esperança de que ela acordasse bem na manhã seguinte. Após refletir sobre isso, cheguei a conclusão que mudei. Mudei porque tenho aprendido a ser pai. O engraçado é que disse a minha esposa antes de ter filhos que topava ter filhos, mas numa condição, que não trocaria fraldas...rsrsrsrsrs. A verdade é que já fui muito além disso! Ser pai não só tem me ajudado a renunciar a mim mesmo, mas também me ajudado a mergulhar minha alma de cabeça na experiência da paternidade de Deus. O Evangelho nos ensina que não somos mais escravos, mas, filhos amados do Pai. Não somos filhos gerados como é Jesus, o Filho eternamente gerado. Somos adotados mas, o amor do Pai pelo filho gerado é o mesmo daqueles que são filhos adotados como eu. A lógica é que o Pai ama aqueles que são adotados como o que é eternamente gerado por que os ama no filho gerado. A base da nossa filiação é única e exclusivamente porque somos unidos de forma misteriosa com aquele que tem a mesma genética do Pai. Então, do mesmo modo que o Pai disse ao filho gerado: “tu és meu filho amado em que eu tenho constante prazer”, o som de suas palavras se aplica também a mim. Se depositar essas palavras no âmago do meu ser e leva-las a sério, jamais me sentirei abandonado ou desaprovado pelo meu Pai, pois, nem a sujeira dos meus vómito existenciais, nem as febres emocionais, nem as horas inconvenientes que precisar de seu auxilio me tornará inadequado diante dele. Nos dias de saúde e nos dias de cama, Ele tem prazer em mim.


Felipe Assis


Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigada por me ter relembrado do amor CONSTANTE e IMUTÁVEl do Pai!