sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

A dor de ver seu filho linchado por bandidos


Ainda posso sentir o gosto de vômito na boca da náusea que não só tomou a minha alma mas alma de todos os brasileiros na semana passada quando soubemos da tragédia ocorrida com o menino João Hélio Fernandes Vietes de 6 anos. João Hélio foi arrastado por 7 quilômetros pelas ruas da zona norte do Rio de Janeiro preso a um cinto de segurança após bandidos terem roubados o carro popular da família. O choque que tomamos não foi apenas resultante da carnificina presenciada do pedaço de tórax que restou pendurado a fuselagem do carro mas, o drama da mãe de João Hélio que não conseguiu libertar sua criança a tempo do cheiro de borracha queimada no asfalto tomar conta de suas narinas. Eu como todos aqueles que são pais se colocaram no lugar de dona Rosa imaginando-se naquela situação de desespero meio densas trevas existenciais. Pensei em minha filha Analisse de 26 meses de idade que sempre anda afivelada à sua cadeirinha no banco traseiro do Xsara Picasso que possuímos. E se fosse eu, com as mãos tremendo do ataque de nervos do grito de assalto que não conseguisse libertar a Analisse a tempo? E se fosse eu que depois de ver o carro arrancando visse a cabeça da minha princesa esfacelar no asfalto à 10 metros dos meus olhos? E se fosse eu que tivesse que abraçar sua carcaça e coletar os pedaços deixados na trilha de sangue? E se fosse eu que depois de tudo, ficasse sabendo que o bandido tinha apenas 16 anos de idade e que seria recolhido a Fundação do Bem Estar do Menor e que provavelmente depois de 3 anos seria posto em liberdade pelas leis que regem o nosso país? Ante a isso minha alma grita como o brado de uma fera descontrolada por justiça. Pode não existir uma lei fora de mim, mas, dentro de mim e de você existe um lei que clama por justiça. Essa lei não se satisfaz com um pivete preso atrás das grandes de uma instituição por 3 anos. Essa lei pede a sua cabeça e seu sangue! É olho por olho e dente por dente! Essa lei inerente que está tatuada em meu coração é mesma que pede a minha morte todos os dias pelos pecados hediondos que maquino e cometo. Isto explica porque depois de ter apunhalado alguém pelas costas, mal tratado minha esposa ou feito algo ilícito, perco meu sono pois minha conciência adquire a densidade do chumbo e afunda minha cabeça abaixo do nível do travesseiro. Foi assim que a justiça que provém dessa Lei clamou quando por causa da minha iniqüidade linchei com você o Filho de Deus. O pecado de Felipe Assis arrastou pela zona norte de Jerusalém a carcaça de Jesus que após 13 horas de profundas torturas emocionais e físicas foi pregado vivo a um pedaço de pau e morreu devagarzinho com direito a todas as dores provenientes de uma crucificação romana. Eu estive lá de espectador gritando com os demais –“Crucifica!” e assisti quando ele gritou como talvez pensou João Hélio ao ver seus carrascos tirando seus pedaços –“Papai (ou Mamãe no caso de Joãozinho), porque você me abandonou?” O Pai como a Mãe ficou imóvel ao ver tamanha injustiça recair sobre seu Filho Amado. O seu coração contorceu por não poder responder naquele momento a pergunta de seu filho. Só lagrimas caiam de seu rosto pois sabia que a sua justiça demandava morte ao que transgride a lei. Lá deveria estar eu, você, e aquele menor de 16 anos de idade. Aos olhos do Pai, somos todos iguais. Todos trucidamos seu Filho mas, tudo foi necessário, porque se não fosse de outra forma teria de ser eu e você... Essa é a mensagem do Evangelho.

por Felipe Assis

4 comentários:

Cristiane disse...

Caraca, essa foi forte... e verdadeira. As vezes temos a soberba de achar que somos mais merecedores de alguma coisa do que outras pessoas. Mas na verdade, somos todos "farinha do mesmo saco" e precisamos mesmo é da misericórdia de Deus.

Anônimo disse...

passei mal a semana toda quando soube desse acidente...
o mundo acaba mais a cada dia que passa...
blog devidamente linkado no meu!
abraço!!

Anônimo disse...

Poxa, Felipe...
É isso mesmo!! Não há como contestar nada... Somos todos iguais!
Pra mim, isso soou forte e transformador: "Essa lei inerente que está tatuada em meu coração é mesma que pede a minha morte todos os dias pelos pecados hediondos que maquino e cometo."
-
Conte com minha visita aqui, sempre, viu!
Deus abençoe vcs!!!

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom