quarta-feira, 16 de maio de 2007

Porque Igreja é um lance tão complicado?

Sabe quando você não consegue tirar uma idéia da mente? É algo bem parecido com aquelas canções bobas que basta escutarmos uma vez ao passarmos por uma carroça de cds piratas e pronto; alugam a nossa mente sem pagar aluguel e permanecem nela por período indeterminado. A idéia que tem entrado em minha mente recentemente que vem e que as vezes cruza minhas linhas de raciocínio, interrompendo-as e as vezes partindo-as é: Porque que Igreja tem que ser algo tão complicado?
Um dia destes cheguei no meu escritório e fiquei lá enfiado o dia todo com reuniões atrás de reuniões, ligações após ligações para administrar a maquina institucional e política que se chama “Igreja”.
Refletindo sobre este fato noto que nós, “pastores de hoje em dia”, somos mais gestores corporativos do que homens que se dedicam a palavra, a oração e as pessoas. Gastamos mais tempo pensando em cimento e tijolos do que no potencial dos dons ministeriais do corpo que verdadeiramente constroem a Igreja. Gastamos mais tempo com computadores do que com pecadores. Gastamos muito tempo para construirmos programas e pouco tempo construindo vidas. Pior; gastamos muito o tempo do nosso povo com reuniões que se repetem em propósito e conteúdo pensando que se o sujeito passar mais tempo dentro das nossas 4 paredes, “mais crente” ele se tornará e consequentemente melhor desempenharemos do ponto de vista institucional. Para nossa classe (pastores), a rotina do “crente” ideal seria mais ou menos assim: No domingo de manhã ele vai a igreja com toda sua família e participa do culto e da escola dominical, de noite retorna e participa sentadinho do culto vespertino. Na segunda ele freqüenta a reunião da sociedade masculina, na terça e na quinta a esposa freqüenta as reuniões da sociedade feminina, na quarta vão ao culto de doutrina, na sexta leva o filho adolescente a sua reunião e no sábado o filho jovem vai a reunião do jovens. Isso porque ele não é um oficial, porque se for, pode colocar pelo menos mais uma reunião a cada quinze dias. Resultado: enquanto pensamos que estamos construindo, na verdade, estamos vagarosamente implodindo sua estrutura familiar e sufocando o seu amor por Jesus. De uma forma subconsciente fazemos com que ele cultive um amor maior por programas do que por Jesus e que se relacione mais com os “irmãos” do que com a esposa e com os filhos.
Não consigo imaginar que era isso que Jesus queria que sua Igreja se tornar-se. A Igreja primitiva certamente não funcionava desta forma. Sei que os tempos são diferentes e que não podemos ser o que éramos antigamente mas, sei que sem a mesma essência não podemos dizer que somos o que pensamos ser, “Igreja”. Em essência não se faz igrejas com prédios, com programas, com sociedades. Se vive igreja; e viver igreja não é viver confinado as 4 paredes e a programas. Viver igreja é ser igreja em casa, no trabalho, com a família, com amigos crentes ou descrentes. Primeiro porque Igreja não é uma organização mas, um organismo e depois porque missão não é pescar de fora para dentro mas, de dentro para fora. Ou seja, a missão do cristianismo é de pescar do reino das trevas (escravidão) para o reino da luz (liberdade) e não pescar do reino das trevas para um cárcere religioso. Se fizermos assim, apenas substituiremos uma prisão pela outra. Se quiser um exemplo bíblico do que estou falando, leia a carta de Paulo aos Gálatas que aqui não tenho tempo de explicar.
Somado a isso tudo ainda existe uma questão prática. A vida hoje anda tão complicada que as pessoas estão em busca do que é simples. As empresas que são mais bem sucedidas na difusão de seus produtos são aquelas que prezam pelo que é simples. Tome por exemplo o caso da Google e da Yahoo. A cerca de 5 anos atrás a Yahoo dominava o mercado das buscas na internet. Hoje são poucas as pessoas que preferem Yahoo ao invés da Google. Entre nesses dois sites e veja porque. A igreja complicada está certamente com seus dias contados pois está gradativamente deixando de atender as necessidades do homem de hoje. Enfim, posso continuar por mais algum tempo mas, vou parar por aqui para não complicar a simplicidade da minha idéia.

por Felipe Assis

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